sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Diálogos Cinematográficos 2.0


Nesta sexta iniciamos a segunda edição do "Diálogos Cinematográficos"* do Museu da Imagem e do Som (MIS), com a temática sugestiva: Escultura de tempo para um Cine-Poesia. A mostra de três dias traz trabalhos de cineastas que apresentam outras possibilidades narrativas para o cine que se aproximem da experiência subjetiva e autoral, abordando questões como o tempo, a poesia e os sonhos como caminhos estéticos. 


 
 
 A principal questão a ser discutida nestes dias é se seria possível, pela construção das temporalidades criadas, ou "esculpidas" em um filme, ir além do "narrar fatos"? Para além dos sentidos, a autoconciência individual e a busca podem também ser estimuladas por esta arte?


 O evento iniciou com a conversa sobre o legado artístico do cineasta russo AndeiTarkovsky (1934-1986) que trabalhou o tempo como unificador dos elementos temáticos em seus filmes e fez um cinema repleto de metáforas, de abordagem poética, e até espiritual, sem seguir estruturas já conhecidas.






 A possibilidade de representação dos sonhos e da memória, elementos constitutivos do seu filme "O Espelho" (1974) que foi exibido na mostra, pautou a conversa entre os presentes, levando a discussão de que um filme pode existir também para ser "sentido", mas que para ser entendido. E este pode ser um, dos vários caminhos que a linguagem cinematográfica permite, para a apropriação do cinema como arte e como expressão da subjetividade.

Nesta sexta será exibido o filme "As quatro voltas" (Itália, 2010) de
 Michelangelo Frammartino, um belo e poético filme que apresenta uma narrativa fabular, percorrendo os ciclos de transformação da vida. Este é um filme onde um homem se transforma em cabra, que se transforma em árvore, que se transforma em carvão, que volta a aquecer a casa do homem. Um filme cíclico, como a vida, que abre caminhos para discutir a abordagem poética no cinema.

 No sábado, último dia da mostra, será exibido o recente filme "Sudoeste" (Brasil, 2011) de Eduardo Nunes, obra que encerrou o último Festival de Gramado e que está ganhando o mundo pelas inovações estéticas que apresenta. Declaradamente influenciada pelo cine de Tarkovsky, esta obra permitirá conversar um pouco mais sobre a atualidade e a necessidade de (re) inventar constantemente as formas, narrativas e estéticas desta arte de imagens, movimentos e tempo, encerrando este primeiro ciclo de diálogos por um cinema de mais poesia, imaginário e tratamento consciente do tempo.


 Texto: Cassandra Oliveira
Foto: Maksuel Martins



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você pode gostar também de:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...