quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Conheça mais sobre a programação do Colóquio

Conheça um pouco mais sobre a trajetória do fotógrafo Miguel Chikaoka, que fará a abertura oficial do 3º Colóquio Amapaense de Fotografia:

Filho de imigrantes japoneses, Miguel Chikaoka nasceu no Vale do Ribeira e foi fazer faculdade de engenharia química na Unicamp, em Campinas (SP). Vivia uma angústia, pois não sabia se realmente era aquilo que queria.
Uma das fotos clássicas do portfólio de Miguel Chikaoka


Foi parar em Nancy, na França, para fazer doutorado, beneficiado por uma bolsa de estudos. Ficou três anos e meio por lá e foi onde descobriu a fotografia. "Enganei todo mundo. Fiquei enrolando, dizendo que tinha um problema psicológico, de adaptação de cultura. Que nada, estava superbem adaptado, mas enrolei e a bolsa continuou sendo paga. Continuei frequentando o mínimo necessário.



“Na verdade, perderam um engenheiro e ganharam um fotógrafo", relembra Chikaoka. Descobri no caminhar pelas ruas, a absorver a informação e a dialogar com isso silenciosamente, e a fotografia veio a se acoplar a essa minha formação dentro da informalidade. Saí como qualquer turista, com uma câmera, e as fotografias que produzi me chamaram a atenção.


A questão ambiental é uma preocupação da obra de Chikaoka

Uma daquelas coincidências em que você acaba encontrando as coisas e as pessoas que você talvez procure. Na universidade que eu estudava, tinha um fotoclube. Eu fotografava com uma Xereta, aí tinha um japonês lá que me emprestou uma Pentax, viajei com ela, fotografei em preto e branco, revelei e foi muito forte pra mim. Eu conheci o pessoal do fotoclube que me convidou, foram muito amigáveis.

Quase que uma conspiração a favor... Foi uma maravilha, tinha um laboratório no porão de onde eu morava. Foi fulminante, porque entrei no laboratório, revelei o primeiro filme, aí desencadeou um processo de mergulho naquele negócio mágico de câmera escura. Com dois meses de estar fazendo o processo de captura ao tratamento, já me convidaram para participar da exposição anual do fotoclube. Recebi elogios (no livro de assinaturas), aí me senti o tal, me senti que podia ser fotógrafo no sentido da expressão humana.

Virei rato de tudo, sempre fotografando. Comprei minha câmera, fazia minha agenda de visitas a exposições em todo lugar que havia. Ia para Paris só pra ver exposição. E tava aquele boom, havia muitas mostras de fotos de conflitos na África, guerras, grandes reportagens, que me deram esse veio de repórter.

Também fotografava o dia-a-dia da cena universitária e fui formando uma base de experiências de olhar as coisas, porque eu não tinha compromisso com ninguém a não ser comigo. Fazia mais pelo deleite, pelo prazer, pela aventura, pela adrenalina.

E o seu retorno para o Brasil? Eu resolvi na minha volta ir para qualquer direção que não fosse São Paulo. Eu não voltaria para São Paulo, foi minha primeira decisão, porque eu me vi um não-brasileiro no sentido de conhecer o país onde nasci, me sentia um ignorante de meu país.

A segunda decisão foi tentar viver como fotógrafo e fui para Belém, através de uma pessoa que eu conhecia e disse pra ir pra lá. Eu fui pra lá ficar um tempinho, consegui um emprego de repórter num jornal, fiz tudo de ônibus. Eu tinha um projeto de ficar em Belém por três anos. Isso em 1980.

Em 83 eu tinha um projeto itinerante pelas capitais. Coisa de aventureiro, na época se chamava mochileiro, de chegar até o Rio de Janeiro fazendo exposições. Aí aconteceu, de súbito, uma nova situação, eu fiquei grávido de um filho, que hoje está em Campinas. Estudou engenharia e é engenheiro, cumpriu rigorosamente o script que o pai não foi capaz de cumprir (risos).

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