10ª Semana Nacional de Museus
trouxe provocações muito pertinentes sobre o papel dos museus e de suas ações
em um mundo que muda muito e muda rápido. Como pensar estratégias museológicas
eficazes no sentido de promover o patrimônio material, imaterial em uma
sociedade tão fluida? Como diluir as fronteiras físicas e cognitivas entre a
memória e o indivíduo, entre o objeto e a pessoa, entre o museu e o “lá fora”?Esses foram alguns questionamentos que o tema adotado pelo evento esse ano fez passar
pelos debates desenvolvidos no Museu da Imagem e do Som do Amapá.
A programação começou já
mostrando que aqueles seriam dias de reflexão profunda sobre o imenso e nem
sempre claro universo museológico. A mesa de debate “Panorama dos espaços
museológicos amapaenses” reuniu os gestores Simone Maria de Jesus (Museu Sacaca), Moisés Tito (Museu Histórico
Joaquim Caetano), Alexandre Brito (Museu da Imagem e do Som) e o museólogo João Batista (Unifap).
Esse momento raro, serviu para socializar parte considerável das ideias e
práticas de gestão que vem sendo cotidianamente construídas nos museus do
Amapá. Foi possível perceber que cada museu possui desafios próprios a vencer.
Nesse sentido, enquanto o Museu da Imagem e do Som do Amapá tem como uma de suas
metas básicas, obter um prédio próprio, o Museu Sacaca evidencia quão complexa
é a gestão de um museu com equipe e dependências grandes, enquanto o Museu
Joaquim Caetano pontua o quanto a falta de autonomia orçamentária pode agravar
demandas inicialmente simples.
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Museólogos e gestores de museus do estado construindo reflexões sobre o setor no Amapá |
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Alexandre Brito (MIS-AP), Simone de Jesus (Museu Sacaca), João Batista (UNIFAP) e Moisés Tito (Museu Joaquim Caetano): amadurecendo a ideia de um encontro amapaense de museus |
Dentro de uma agenda que debata
transformações sociais recentes, não podemos omitir o tema da internet, sua
emergência e a pulverização de novas formas e manifestações identitárias. O
espaço virtual é um espaço de trocas simbólicas, de mediação e interação entre
os entes sociais. Sendo assim, como os museus podem ocupar/viver esse espaço de
maneira a canalizar as ferramentas e o
locus
on-line como forma de interação museu/sociedade? Esse foi o foco dos debates do
segundo dia da programação do MIS-AP, que teve como ponto alto a palestra de
Augusto Pessoa detalhando como a interatividade pode ser potencializada
em vários níveis pelas unidades museológicas. A exemplos de museus ao redor do mundo que se valem do aparelho em rede para mediar fruições e informações ao ápice de tornarem-se plenamente virtuais.
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Augusto Pessoa, explicitando possibilidades de uso museológico das ferramentas digitais |
A profusão de ideias, opiniões e
debates terminou tão fervilhante quanto começou. Prova disso foi a mesa de intitulada
“Cultura Popular, Cultura de Massa e Cibercultura: o cenário híbrido do século
XXI” que reuniu um quadro bem diverso de debatedores, o que garantiu uma
pluralidade de pontos de vista enriquecedora para o público. Estavam compondo
essa mesa José Maria (Festas de São Benedito – Igarapé do Lago), Daniel Nec
(Imagemaker) e Diego Meireles (Movimento Liberdade ao Rock). O ponto alto do
debate foi a interação entre plateia e debatedores. Ficou claro que, tanto a
cultura popular (Igarapé do Lago), quanto o
underground
punk, passam por ciclos de crescimento/crise/identidade reelaborada semelhantes,
e que as tecnologias digitais se alimentam e são alimentadas com essa matéria
prima tornando esse cenário mais escorregadio para quem tente sistematizá-lo.
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Rico diálogo entre a cultura popular, cultura digital e cultura underground |
Foram três dias que ajudaram a
(re)pensar os passos que nós, enquanto equipe do Museu da Imagem e do Som do
Amapá, necessitamos construir. Foi muito enriquecedor ouvir todos os palestrantes que
vieram socializar conosco seus acúmulos, foi tão enriquecedor quanto, perceber que
temos um público considerável que divide conosco o interesse por todas
essas questões.
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